"Sem dor, não há ganho" - o famoso lema dos ginásios ocidentais ecoa entre pesos, suores e calendários de treino rígidos. Esta mentalidade, que valoriza o esforço intenso como único caminho para a boa forma física, não podia ser mais diferente do que é difundido no mundo oriental. No Japão, por exemplo, o exercício tem outro significado: é sinónimo de equilíbrio, bem-estar e conexão com o presente.
O movimento não é encarado como um fardo nem uma imposição estética. Pelo contrário, é uma prática quotidiana, leve e acessível a todos - seja uma caminhada pelo bairro, uma subida à montanha ou até o simples percurso até ao trabalho. Para os japoneses, o segredo da saúde e da longevidade não está numa maratona diária de esforço extremo, mas na consistência e na intenção com que se caminha.
A caminhada japonesa, conhecida como treino de caminhada intervalada, ganhou notoriedade graças ao médico Saurabh Sethi, especialista formado em Harvard e Stanford, que partilhou os seus benefícios nas redes sociais. A proposta é simples, mas eficaz: alternar o ritmo da caminhada dentro de um tempo pré-definido.
A estrutura é a seguinte:
- Começa com 3 a 5 minutos de caminhada suave, para aquecer;
- Em seguida, alterna entre 3 minutos a um ritmo moderado e 3 minutos num passo mais rápido, como se estivesses com pressa para chegar a uma reunião;
- Repete o ciclo durante 30 minutos;
- Termina com alguns minutos de caminhada lenta para recuperar.
Este método não exige equipamento, nem ginásios, nem tempo excessivo. A chave está na variação da intensidade, o que ativa diferentes sistemas do corpo e potencia os resultados.
Porquê trocar os 10 mil passos por este método?
Durante anos, a meta dos 10 mil passos diários foi quase sagrada. Mas estudos recentes demonstram que o número absoluto importa menos do que a qualidade e a intensidade da caminhada. Segundo Sethi, caminhar com ritmos alternados é mais eficaz para a saúde cardiovascular, o controlo da glicemia, o colesterol e até a força muscular.
Além disso, este tipo de exercício tem um efeito positivo na saúde mental: ao ser praticado ao ar livre, promove a ligação com a natureza, reduz o stress e cria um espaço propício à reflexão e ao bem-estar emocional.
Apenas precisas de um par de sapatos confortáveis, vontade de sair e trinta minutos por dia. Se possível, com um breve aquecimento inicial para preparar o corpo e talvez até um alongamento final, para fechar com chave de ouro.
