Com a reforma vem uma avalanche de tempo livre que, num primeiro momento, sabe a férias longas e bem merecidas. Mas, passado o entusiasmo dos dias sem despertador, a rotina instala-se como uma almofada demasiado fofa: confortável… mas traiçoeira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o sedentarismo e o isolamento social são dois dos grandes vilões da saúde mental e cognitiva a partir dos 60 anos. A solução? Encher o tempo com algo que não seja apenas "passar o tempo".
E é aqui que entra um herói improvável: o Tangram, um quebra-cabeças chinês com mais de mil anos de história, sete peças e uma missão: pôr o cérebro a mexer.
O Tangram nasceu na China, provavelmente durante a Dinastia Song (960–1279 d.C.), e chegou à Europa no século XIX, onde rapidamente se tornou uma moda entre intelectuais e entusiastas dos puzzles.
À primeira vista, o jogo é simples: sete peças geométricas - cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo - que têm de formar uma figura, sem sobreposição. Mas a magia está na simplicidade: segundo estudos na área da neuropsicologia, desafios espaciais como o Tangram ativam várias áreas do cérebro, melhorando funções como memória visual, raciocínio lógico e criatividade.
Não estamos a falar de um simples entretenimento. Cada partida de Tangram é um treino funcional do cérebro.
Eis alguns dos seus superpoderes:
- Estimula a criatividade - recriar ou inventar formas exige pensamento divergente;
- Reforça a memória espacial - lembrar a posição das peças e padrões repetitivos;
- Melhora a coordenação visomotora - essencial em tarefas do dia a dia, como apertar botões ou mexer numa chávena de chá sem a derramar;
- Aumenta a concentração - completar uma figura exige foco contínuo, o que ajuda a combater a distração típica do envelhecimento cognitivo.
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Num estudo publicado em 2021, no Journal of Aging and Health, um grupo de idosos que praticou atividades cognitivas baseadas em puzzles espaciais mostrou melhorias significativas na flexibilidade cognitiva e no bem-estar emocional, em apenas 8 semanas. Traduzindo: o cérebro continua maleável e ávido por desafios - só precisa das peças certas.