Responder a uma mensagem com um simples "fixe" pode parecer inofensivo, mas na verdade está longe de ser neutro. Este pequeno gesto digital, que já foi sinal de aprovação universal, está agora envolto em camadas de significado, mal-entendidos e até tensão geracional.
Para os millennials, o "👍🏻" pode ainda representar um simples "está bem" ou "combinado". Mas para muitos da Geração Z, o mesmo símbolo já soa a indiferença ou até a um "não me chateies mais". Como explica o linguista Adam Aleksic ao "El País", o polegar para cima evoluiu de símbolo de confirmação para uma espécie de "fim da conversa", muitas vezes interpretado como passivo-agressivo.
Numa conversa entre amigos pode parecer apenas preguiça de escrever, mas numa troca mais emocional ou íntima, pode ser sentido como rejeição ou desinteresse.
Este tipo de resposta pode ainda ativar sentimentos de ansiedade ou insegurança, sobretudo quando há expectativas maiores sobre a interação. Afinal, o silêncio - ou um emoji que parece pouco - diz tanto quanto uma frase completa. Segundo a psicologia, quem recorre a este tipo de resposta muitas vezes procura evitar o conflito, proteger-se emocionalmente, encurtar uma conversa que considera desgastante ou simplesmente tem preguiça para responder mais naquele momento. Quem nunca?
Investigação académica publicada em março de 2022 confirma que a forma como os jovens usam e interpretam emojis está realmente a mudar. Há ainda estudos de mercado feitos em 2021 com dois mil jovens entre os 16 e os 29 anos que indicam que muitos dos emojis mais usados por gerações anteriores são hoje vistos como antiquados - e até evitados - pelos mais novos.
A melhor forma de lidar com isto? A comunicação direta continua a ser o melhor emoji de todos. Se uma resposta tipo "fixe" te deixa desconfortável, vale a pena perguntar (sem dramatizar) se está tudo bem ou se há algo que não foi dito. E se fores tu a enviar o famoso "👍🏻", pensa duas vezes: será que não vale a pena escrever mais uma linha?










