Estás numa reunião importante, prestes a partilhar aquele ficheiro que demoraste horas a preparar e o Wi-Fi desaparece. Já te aconteceu?
Ou estás no episódio final da tua série favorita e, no momento do grande plot twist, aparece o temido “sem ligação à internet”. Respira fundo. Não estás sozinho. Sofres do que muitos já chamam (com uma piscadela de olho) de síndrome de não ter Wi-Fi.
A verdade é que o Wi-Fi se tornou o novo culpado universal. Está lento? Culpa do Wi-Fi. Não respondeste ao e-mail? O Wi-Fi falhou. Estás atrasado para uma entrega? O Wi-Fi estava instável. Mas será mesmo só isso?
Segundo o Instituto de Psiquiatria da USP, vivemos numa era de hiperconectividade, onde o cérebro humano é forçado a lidar com dezenas de estímulos ao mesmo tempo: notificações, mensagens, e-mails, chamadas, reuniões, tudo em simultâneo. Resultado? Ansiedade, cansaço mental e aquela sensação de que estamos sempre “ligados”, mas nem sempre “conectados”.
Sintomas do síndrome de não ter Wi-Fi
- Palpitações ao ver o ícone de “sem rede”
- Irritabilidade súbita quando o vídeo fica a carregar
- Desespero ao esgotar os dados móveis
- Necessidade de reiniciar o router como ritual de esperança
Estes sintomas não estão oficialmente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), mas deviam. Afinal, como explica o psiquiatra Ricardo Torresan, o uso exagerado da tecnologia pode interferir no nosso bem-estar, lazer e até nas relações pessoais.
A vida adulta e o Wi-Fi: uma relação tóxica?
A vida adulta traz consigo uma avalanche de responsabilidades: prazos, contas, reuniões, e-mails, filhos (e plantas que morrem misteriosamente). E o Wi-Fi, coitado, é só mais uma peça neste puzzle caótico. Mas como qualquer relação tóxica, há momentos bons. Quando funciona, o Wi-Fi é o nosso melhor amigo. Quando falha, é um grande vilão!
Como sobreviver ao síndrome?
- Desliga para ligar: Faz pausas digitais. Vai dar uma volta, lê um livro, observa um pombo. A tua sanidade agradece.
- Reforça os laços reais: Um café com amigos vale mais que mil likes.
- Aceita que nem tudo depende do Wi-Fi: Às vezes, o problema é mesmo a vida adulta.
O Wi-Fi não é o culpado de tudo. Mas é um excelente álibi para os dramas do dia a dia. E enquanto não inventam um router que também faça terapia, o melhor é aprender a rir e a desligar, de vez em quando.






