Antes de ser sinónimo de chocolates, miniaturas e surpresas diárias, o calendário do advento nasceu de algo muito mais simples e efémero: riscos de giz na parede. Segundo o site "Harry and David", no século XIX, famílias cristãs na Alemanha faziam um risco por cada dia que faltava até ao Natal. Era a forma mais básica (e económica) de contar os dias até ao nascimento de Jesus.


Mas a verdadeira revolução aconteceu graças a um rapaz impaciente chamado Gerhard Lang. Quando era criança, Lang não parava de perguntar à mãe, todos os dias de dezembro: "Falta muito para o Natal?"

Cansada das perguntas, a mãe teve uma ideia genial: colou 24 bolachinhas caseiras num cartão e deixou que o filho comesse uma por dia até à chegada do grande dia.

O primeiro calendário de advento


Anos mais tarde, já adulto e dono de uma pequena editora em Munique, Gerhard Lang lembrou-se dessa tradição familiar e decidiu transformá-la num produto. Por volta de 1908, criou o primeiro calendário de advento impresso, feito de cartolina grossa, com 24 janelinhas que escondiam pequenas imagens ou versículos bíblicos.

Durante anos, o negócio prosperou e espalhou-se por toda a Alemanha. No entanto, com a chegada da Segunda Guerra Mundial, tudo mudou. O regime nazi proibiu imagens natalícias e racionou o papel e o cartão, obrigando Lang a encerrar a produção. Ironicamente, os nazis chegaram a produzir os seus próprios "calendários patrióticos", com tanques e símbolos militares, uma versão sombria de uma tradição de luz.

Felizmente, a paz voltou e com ela o espírito natalício. Em 1946, outro editor alemão, Richard Sellmer, inspirou-se no trabalho de Lang e voltou a imprimir calendários com ilustrações de aldeias cobertas de neve. Chamou ao seu primeiro modelo "The Little Town", um nome que simbolizava calma e serenidade, sentimentos muito bem-vindos depois dos horrores da guerra.

A partir daí, o calendário do advento tornou-se uma tradição internacional. Em 1971, a Cadbury decidiu dar-lhe um toque doce e acrescentou chocolates atrás de cada janelinha e o Natal nunca mais foi o mesmo.

Hoje, há calendários de advento para todos os gostos: de chá, vinho, maquilhagem, objetos de decoração, snacks para cães e até velas com cheiro a queijo. O que começou como um simples gesto de uma mãe para ensinar o filho a saber esperar tornou-se uma tradição global que mistura nostalgia, paciência e espera e a magia natalícia.