As causas são muitas e em muito se assemelham a situações recorrentes em Portugal.

Os habitantes das Ilhas Canárias, em Espanha, atingiram o limite e vão mesmo juntar-se em protesto contra o excesso de turismo.

Em causa estão os danos ambientais e o preço das casas, um problema bastante familiar aos portugueses.


Localizado no Oceano Atlântico, na costa oeste de África, o arquipélago espanhol caracteriza-se pelo clima ameno, durante todo o ano, o que atrai vários turistas.

O problema é que, segundo a organização ambiental local 'Fundación Canarina', o número de visitantes passou dos 11,5 milhões para os cerca de 16 milhões anuais, durante a última década.


Cansados deste aumento, que consideram ser uma sobre-exploração das ilhas, um grupo de habitantes denominado ‘Canarias Se Agotaapelou a uma greve de fome, na passada quinta-feira, dia 11 de abril. Uma manifestante deste grupo chegou a receber apoio médico, após seis dias sem comer.



Este grupo desafiou também a população a formar um cordão humano para demonstrar o seu apoio.

Cada pessoa que se junta a este cordão humano envia uma mensagem forte ao governo: as Ilhas Canárias não querem continuar a sacrificar o seu futuro”, afirmou o ‘Canarias Se Agota’ numa publicação no Facebook.


Este grupo de habitantes não é, no entanto, o único com planos para promover um protesto.


O grupo local de conservação da natureza ‘Asociación Tinerfeña de Amigos de la Naturaleza (ATAN)’ apelou, de igual forma, a um protesto para este sábado, devido ao “colapso social e ambiental que estamos a viver”.


A este protesto junta-se o grupo ecologista ‘Ecologistas in Acción que atribui a culpa desta situação, mais uma vez, ao “turismo completamente insustentável”, que, consequentemente, aumenta os arrendamentos de curta duração e os preços da habitação, inflacionados pelas casas de férias.

Outros fatores que referem são os projetos de desenvolvimento turístico de larga escala, autorizados pelas autoridades locais, que agravam problemas do arquipélago espanhol.

Mais concretamente, acusam as infraestruturas dedicadas ao turismo do aumento das falhas no abastecimento de água, devido ao uso de grandes quantidades de água para as suas piscinas e campos de golfe que pioram a situação de seca.

É tempo de exigir uma mudança na abordagem e de gritar, uma vez mais, em todas as ilhas, que as Canárias têm um limite”, pode ler-se ainda no comunicado.


O governo, em resposta a estas preocupações, prontamente se mostrou disponível para dialogar entre políticos, académicos e cidadãos de forma a encontrar uma estratégia para o turismo ligada à sustentabilidade social, ambiental e económica.

O objetivo é criar uma comissão de especialistas para estabelecer linhas de orientação comuns”, disse Jéssica de Léon, do governo regional das Ilhas Canárias, num comunicado publicado esta semana.


Estas preocupações com o turismo não são um exclusivo das Ilhas Canárias.

Em Barcelona, foram proibidos os novos hotéis no centro da cidade e foi restringido o arrendamento de curta duração para turistas. Para além destas medidas, foi decidido fechar um terminal portuário ao tráfego de cruzeiros em outubro de 2023.