Quiet Quitting não é um termo novo... para quem não sabe, foi um termo criado para descrever uma atitude de alguns trabalhadores de empresas.
Em português traduz-se mais ou menos por “desistir em silêncio”, ou “sair em silêncio.”
De acordo com o Google, é quando os trabalhadores passam a esforçar-se o mínimo de forma a manterem os empregos, mas não fazem aquele esforço extra pelo empregador.
Isto pode significar, segundo o Google, não falar em reuniões, não se voluntariar para tarefas, sair a horas e não fazer horas extraordinárias…
Ora bem, eu tenho questões com o termo Quiet Quitting.
Primeiro, porque acho que foi obviamente inventado pelas empresas. Foi inventado pelo sistema! (Dar um murro no ar! É importante, quando estamos a ser antissistema, darmos um murro no ar.)
Há um outro termo para Quiet Quitting que é Act your Wage, que significa agir de acordo com o teu salário, e que talvez faça mais sentido.
Mas vamos analisar as atitudes do Quiet Quitting, por ordem:
- “Não falar em reuniões?” primeiro que tudo, OBRIGADO às pessoas que não falam em reuniões. A sério, obrigado. Já todos estivemos em reuniões que estão quase a acabar e, de repente, alguém diz “eu tenho uma dúvida. E se?...” e, subitamente, a reunião tem mais meia hora.
Shhhhh! Não, meu! Não perguntes nada, não levantes ondas, não questiones! DEIXA MORRER!
Para podermos ir todos para cas…. Para irmos trabalhar, para irmos trabalhar, era o que eu ia dizer.
Isto para não mencionar a quantidade de reuniões que temos que não servem para nada… ou, como toda a gente diz “que podiam ser um e-mail”
Se uma pessoa não fala em reuniões é porque está a tornar as reuniões mais curtas.
É um herói sem capa.
OBRIGADO PELO TEU SILÊNCIO, SOLDADO!
Segundo ponto, “não se voluntariar para tarefas”. O termo chave aqui é “voluntariar”. Significa que não é obrigatório!
A empresa voluntaria-se para ir a minha casa lavar a loiça? Não.
Voluntaria-se para ir buscar os meus filhos à escola? Não.
Voluntaria-se para me levar a casa quando eu bebo demais numa festa de crianças num domingo e adormeço num insuflável? NÃO.
Então pronto! (pode ser uma comparação injusta, mas o texto é meu)
Ponto três, “Sair a horas e não fazer horas extraordinárias”. Hmm, este é complexo… nós temos muito a cultura de trabalhar até tarde e a ideia de que isso faz de nós bons trabalhadores. Há países que é ao contrário; se ficares até tarde é porque não estás a trabalhar bem…
Há imensa gente que fica a trabalhar muito tempo, porque tem muito trabalho. Mas também há pessoas que gerem mal o tempo e saem às 10 da noite, mas fizeram 3 horas de almoço. Depois, ainda há empresas que, se saíres às 18h30, ouves bocas tipo “então tiraste a tarde, foi?”
“AHAHAHA, BOA MEU! ESTARES SEMPRE A TRABALHAR FAZ DE TI UM EXCELENTE SER HUMANO!”
E sim, provavelmente não faz mal nunca estares em casa e não veres a tua cara metade e os teus filhos…
Mas será que não faz?
Aquelas aulas de padel até à meia-noite todos os dias…
Ai ai ai, o Quiet Quitting. Sinto que se não estás a fazer um bocadinho de Quiet Quitting no trabalho, estás a fazer na vida pessoal.
Uma das razões que me levam a crer que este termo foi claramente cunhado por uma empresa é o seguinte: olharam para uma pessoa que vem a horas, trabalha o que lhe pagam, está calada e vai-se embora… e chamam-lhe Quiet Quitting.
Isto não é Quiet Quitting… ISTO É QUIET WORKING!
Quiet Quitting é um dia levantares-te e não voltares.
Vais-te embora… e ninguém dá por ela.