Há cada vez mais países a decretarem a semana de quatro dias de trabalho (alô, Portugal?). Já estão mais do que provadas as vantagens desta medida: promove a felicidade no trabalho, aumenta a produtividade, proporciona um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, entre outros. Motivos não faltam para adotar esta nova forma de trabalhar.


Em Tóquio, redefiniu-se o conceito de "trabalhar para um futuro melhor" ao introduzir uma semana de quatro dias para funcionários públicos com um objetivo tão audacioso quanto fascinante: fazer mais bebés. Sim, leste bem. Agora, os japoneses podem usar o tempo extra para aumentar a população e, quem sabe, ganhar um prémio de produtividade… no berçário!


Segundo a CNN, o plano foi anunciado pela governadora Yuriko Koike: "Agora é o momento de Tóquio tomar a iniciativa de proteger e melhorar as vidas, os meios de subsistência e a economia do nosso povo durante estes tempos desafiantes para a nação".

A taxa de fertilidade do Japão, que registou uma queda vertiginosa durante muitos anos, atingiu outro mínimo histórico em junho, mesmo quando o governo intensificou os esforços para incentivar os jovens a casar e a constituir famílias.
A lógica por detrás da medida é simples: menos trabalho, mais tempo livre. Mais tempo livre, mais romance. Mais romance... bom, já entendeste a lógica. Afinal, como é que se compete com uma taxa de fertilidade de 1,2 filhos por mulher, quando o mínimo para manter a população é 2,1?



Mas, enquanto uns celebram a medida como a solução para a crise populacional, outros perguntam: será que três dias de descanso serão suficientes para convencer os japoneses a trocar o telemóvel por fraldas? A cultura de trabalho japonesa é famosa pela devoção quase religiosa às empresas, onde passar menos de 12 horas no escritório pode ser visto como traição. Até têm uma palavra para morte por excesso de trabalho: karoshi. Agora, imagina mudar essa mentalidade para "três dias de descanso para namorar, ver Netflix e... procriar".


Se a ideia soa ousada, Tóquio não está sozinha na empreitada. Singapura também adotou políticas mais "baby-friendly".
Ainda assim, o caminho para o baby boom parece longo. Com a disparidade de género no mercado de trabalho e o custo de vida elevado, a decisão entre ter uma carreira ou uma família ainda pesa.