"​Este gajo compôs o disco todo sozinho no quarto, falta-lhe levar uns estalos”

A PROPÓSITO DA ELEIÇÃO DA "MAIOR BANDA POP PORTUGUESA DE TODOS OS TEMPOS", A RFM REUNIU MIGUEL CRITOVINHO (D.A.M.A.), RUI PREGAL DA CUNHA (HERÓIS DO MAR), TOZÉ BRITO E PEDRO BARBOSA (MANAGER), NUMA NOITE CHEIA DE GRANDES HISTÓRIAS!

Teresa Lage
Teresa Lage

Dia 25 de Novembro de 2021, para encerrar a primeira fase da eleição da "Maior banda pop portuguesa de todos os tempos" reunimos no auditório da RFM 3 membros de grandes bandas a votação e o manager de alguns dos músicos atualmente com maior sucesso.

Este foi o segundo RFM Sumeet sob o tema “Bandas: uma espécie em vias de extinção?”, moderado por Daniel Fontoura com Teresa Lage e em que tivemos o prazer de ouvir as histórias e opiniões de Miguel Cristovinho dos D.A.M.A., uma das bandas de maior sucesso dos últimos anos, Rui Pregal da Cunha dos Heróis do Mar, o grupo que, nos anos 80, marcou e mudou a história da música em Portugal, Tó Zé Brito, intérprete, compositor, produtor, editor, atual administrador da Sociedade Portuguesa de Autores e membro de bandas como os Gemini, Quarteto 1111, Green Windows, Pop Five Music Incorporated e ainda Pedro Barbosa, manager de músicos como Miguel Araújo, Bárbara Tinoco, Quatro e Meia, entre outros.



Numa animada conversa, transmitida em direto no Facebook e Youtube da RFM e em que, quem acompanhava nas redes sociais, também teve direito a fazer perguntas, ficámos a conhecer histórias hilariantes vividas pelas bandas destes 4 convidados e a sua opinião e sobre a diferença entre a vida de um músico a solo e o membro de uma banda.

Aqui ficam algumas das coisas que se disseram (que podes confirmar ao minuto no vídeo)


Música, copos, amizade e um sinal de stop!

No final dos anos 1960, início de 70, Tó Zé Brito fez parte de uma das mais marcantes e inovadoras bandas portuguesas, o Quarteto 1111, a que pertenceram também (ao longo dos anos) António e Jorge Moniz Pereira, Mário Rui Terra, Michel Mounier e José Cid. Sobre o papel de cada um dos membros e as prioridades do grupo na altura, Tozé Brito disse.

TóZè Brito (27'23'') "Nós tínhamos uma amizade que era completamente sagrada sendo que o José Cid era assumidamente o líder da banda no quarteto 1111, todos nós o reconhecíamos. Ele era o compositor e o cantor de serviço, depois entrei eu, quando vindo dos Pop Five comecei a escrever canções com e a cantar canções com ele mas o Zé tinha o seu papel e sem ele não havia Quarteto. Ele personificava o Quarteto, mas os outros 2 eram tão importantes como nós e nós éramos "irmãos". Nós queríamos era fazer música e depois sair dali beber copos e namorar, isso é que era divertido.

Conta a lenda que, naquela altura, ainda nos seus vinte e tal anos, José Cid já tinha o entusiasmo e eloquência que hoje lhe conhecemos, por isso quisemos confirmar a famosa história da existência de "um semáforo vermelho" nos concertos do grupo!

TóZè Brito (11'22') "O Jorge Moniz Pereira tinha um pedal que usava quando achava que o Zé estava a ir longe demais e acendia a luz vermelha que era sinal para ele parar. Porque ele improvisava, tocava flauta a meio, fazia as coisas mais inacreditáveis.
Divertíamo-nos, gozávamos que nem uns loucos depois saíamos dali à meia-noite, saíamos todos juntos e íamos beber copos até às 3,4 da manhã. Às vezes diziamos: Vamos tomar o pequeno-almoço ao Algarve? Vamos! Metíamo-nos no carro, no tempo em que se levava 6 horas de Lisboa ao Algarve, pela serra do Caldeirão. Às 8 da manhã chegávamos lá para tomar o pequeno-almoço e íamos fazemos uma direta, para a praia "


Projetos a solo dos D.A.M.A.

Fascinado com as histórias do Quarteto 1111 e com as semelhanças existentes entre a vida de um grupo de há 50 anos e o que os D.A.M.A., com a mesma idade, já viveram, Miguel Cristovinho falou da união e partilha no grupo e revelou um pouco do que aí vem – ao que parece, projetos a solo dos membros dos D.A.M.A.!


Miguel Cristovinho (13'14'') "Estamos numa fase da nossa carreira em que vamos começar também a fazer coisas a solo, mas isso só existe porque existe esta união que só se encontra nas pessoas com quem se vive aquela fase da vida… quando passamos de jovens para jovens adultos. Essa fase, se a passarmos em conjunto, não só é terapêutico como é mais pleno."

Provavelmente para um novo projeto a solo, Miguel aproveitou para "encomendar" uma canção a ToZé Brito

(16'27") Miguel Cristovinho-“Eu também adorava cantar uma canção tua!"
Tozé Brito "Falamos já a seguir "


"Este gajo compôs o disco todo sozinho no quarto, falta-lhe levar uns estalos”

E não é que dia 25 de novembro se completavam precisamente 40 anos sobre o primeiro concerto dos míticos Heróis do Mar!

Rui Pregal da Cunha, vocalista desta banda que, nos anos 80, nos deixou músicas como “Amor” “Paixão”, “Só Gosto de ti” que ficaram para sempre, lembrou a efeméride

Rui Pregal da Cunha (58'.08'') "Há precisamente 40 anos atrás, estávamos no palco do rock rendez vous a estrear-nos ao vivo".

Por falar em concerto ao vivo, Rui Pregal da Cunha e Paulo Pedro Gonçalves, vocalista e guitarrista dos Heróis do Mar, respectivamente, levaram, no passado dia 19 de novembro, ao rubro o Coliseu de Lisboa, com as músicas dos Heróis, durante a sua atuação no Festival Super Bock em Stock

Rui Pregal da Cunha (1h .27’) "Um amigo meu dizia : “Eu olhava para trás e aquilo era tudo 22 anos, 23 anos, como é que vocês sabem as letras? Sabem!”

Sobre outros festivais, Rui Pregal da Cunha contou-nos como é que, ao vivo, se nota ainda mais a diferença entre a música composta e gravada por um artista a solo e a música feita por uma banda:

Rui Pregal da Cunha (19'17") "Eu em N festivais já vi pessoas que eu admiro imenso em disco e de repente vejo-os e digo: Este gajo esteve nitidamente a compor este disco todo com uns headphones no quarto, no mega estúdio que ele fez no quarto e isso vê-se, nota-se! Falta-lhe levar uns estalos, mandar vir com outra pessoa, alguém lhe dizer "È pá deves estar a brincar comigo! Essa m.. é muita foleira!"

Sozinhos podemos fazer coisas incríveis, mas não saem tão boas"


Quando os astros estão alinhados é mágico!

Pedro Barbosa, manager de bandas como Os Quatro Meia e de artistas a solo como Bárbara Tinoco falou-nos também das diferenças entre gerir uns e outros.

Pedro Barbosa "(22' 05') “Eu com um artista a solo tomo as decisões todas, com uma banda é mais complicado: um acha isto, outro acha aquilo, outro quer pensar, depois há um que tem mais valor artístico, depois há um que tem mais valor de suor, depois há um que não quer saber durante uns tempos…. É toda uma complicação.

Mas quando as coisas funcionam!…. Por exemplo, com os Azeitonas eu vivi coisas verdadeiramente alucinantes.!

Quando os astros estão alinhados é mágico"



Esta foi uma conversa cheia de histórias e ainda temos muitas por contar.

Fica atento e entretanto vota num dos 10 finalistas da "A maior banda pop portuguesa de todos os tempos"




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