Esta foi considerada a "Casa do Ano" e fica numa favela brasileira

Quem olha, pela primeira vez, para as fotografias é capaz de ver uma casa igual a tantas outras que existem nas várias favelas do Brasil. No entanto, esta destaca-se por ter um prémio internacional do site especializado Arch Daily!

Trata-se do prémio "Casa do Ano" que distinguiu esta casa de 66 m² de Kdu dos Anjos - foi o próprio que a apelidou assim - entre 1600 outras construções espalhadas pelo mundo, de acordo com o site brasileiro G1.

O Arch Daily levou a votação todas essas casas localizadas, entre vários outros países, na Alemanha, Índia, México, Vietname, e foram os mais de 150 mil votos que decidiram aquela que seria "Casa do Ano" de 2023.

Localizada na comunidade de Aglomerado da Serra, região centro-sul de Belo Horizonte, a casa premiada pertence ao também rapper, de 32 anos, que sentiu "muito orgulho" quando recebeu este prémio internacional "porque as notícias que todos os media costumam dar sobre a periferia são sensacionalistas, falam de tiros, porrada e bombas, polícia e de casas a cair".

Foi em 2017 que Kdu dos Anjos comprou o terreno da sua casa, mas só em 2020 é que se mudou com os seus dois cães, uma gata e "mais de 60 plantas".

A casa ganhou vida através de um projeto que "representa um 'modelo' construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação", tal como descreveu o Arch Daily.

Foram necessários oito meses, 27 mil euros e muito trabalho, mas tudo se fez graças ao trabalho dos arquitetos Levante, que oferecem "os seus serviços de forma voluntária ou a preços módicos para projetos nas favelas", tal como escreveu o Diário de Notícias.

Apesar dos 66 m², Kdu dos Anjos garante que a sua casa de dois andares já "suportou umas 200 pessoas em dias de festa", sendo que para o próprio, "os arquitetos fizeram magia".

Além da fama internacional, a casa onde vive atualmente ajudou o rapper a realizar um sonho. Na sua infância, Kdu dos Anjos chegou a ser "picado por escorpiões", tendo em conta a residência "precária", construída pelo seu pai, onde vivia.

O prémio internacional de arquitetura tem agora um outro significado, uma vez, que segundo o próprio, "ter sido picado por escorpião por falta de arquitetura e agora ganhar um prémio de arquitetura é um desejo de mudança de vida muito grande que conquistei".