Fotógrafo recusa prémio depois de admitir que criou imagem com inteligência artificial

É mais uma da inteligência artificial que está indubitavelmente a mudar a nossa vida.

Boris Eldagsen é fotógrafo e participou num concurso com uma imagem a preto e branco de duas mulheres de gerações diferentes abraçadas. A fotografia acaba por ser impactante pelo momento em si e pelo olhar das protagonistas.

Com ela, Boris Eldagsen venceu a categoria "criativa aberta" do concurso Sony World Photography Awards, mas teve de recusar o prémio.

Mais do que ganhar ou não um prémio de fotografia, Boris Eldagsen queria lançar um debate sobre o que queremos ou não considerar como fotografia. Isto porque a imagem com a qual ele concorreu foi gerada por inteligência artificial.

"Será o espectro da fotografia suficientemente grande para permitir a entrada de imagens de Inteligência Artificial - ou isso seria um erro?", lê-se no seu site. "Quantos de vocês sabiam ou suspeitavam que esta imagem tinha sido gerada com Inteligência Artificial?"

A verdade é que o júri do concurso não desconfiou, o que gera um outro tema para debate: Estarão estes concursos - ou o mundo no geral - preparados para esta nova realidade, onde entra a inteligência artificial?

Segundo o fotógrafo, esta foi a primeira vez que uma imagem gerada por inteligência artificial ganhou um concurso de fotografia. Mas não é a primeira vez que imagens com inteligência artificial participam em concursos. Segundo o The Guardian, em 2015, a World Press Photo retirou o primeiro lugar ao fotógrafo italiano Giovanni Troilo, depois de terem descoberto que o fotógrafo tinha manipulado as imagens com que participou no concurso.

Apesar de, desta vez, fazer história, Boris Eldagsen considera que fotografias e imagens criadas com inteligência artificial não devem competir num mesmo concurso, por serem entidades diferentes. "IA não é fotografia. Portanto, não vou aceitar o prémio."