Há quase um ano que estamos privados de abraços. Impôs-se, por força de uma pandemia, o distanciamento social e o nosso corpo começa a ressentir-se esta ausência de toque.
Enquanto adultos, nem sempre reconhecemos a importância do toque, nem mesmo na sua ausência.
O neurocientista Francis McGlone diz,
ao The Guardian, que muitas vezes sentimos que algo nos faz falta, mas nem sempre reconhecemos que é o toque.
Para Francis McGlone, não existem dúvidas: quando falamos em solidão, falamos em falta de toque.
O toque tem um grande impacto no nosso bem-estar psicológico e até físico. O psicólogo Robin Dunbar refere também que todos nós temos o nosso círculo de amigos próximos - em média cinco - que são os chamados “ombros para chorar”. Seja para desabafar, receber aquele abraço que cura mais do que as palavras ou partilhar a nossa felicidade.
Esta forma de comportamento social já vem do tempo dos primatas, onde em cada camada se observava a presença de grupos de cinco melhores amigos. E é nesse círculo de amigos, do qual estamos privados agora, que vamos buscar conforto e apoio para lidar com as adversidades da vida.
Está provado que o toque ajuda a lidar melhor com o stress e ameniza até a dor física.
Como? A neurocientista Katerina Fotopoulou explica que a nossa pele está repleta de fibras nervosas, que reconhecem temperatura e textura e que, no momento de toque, transmitem sinais elétricos para as partes de processamento emocional do cérebro.
Chegados a este ponto da pandemia, podemos afirmar que é geral esta necessidade de toque, para além de todas as outras coisas de que nos vemos privados e das quais também sentimos falta.
A pandemia pode deixar marcas na nossa forma de estar, mas a evolução está do nosso lado. A maioria dos especialistas acredita que, assim que for possível estarmos todos juntos de novo, rapidamente nos ajustaremos e voltamos ao que eramos.
O ser humano é um ser que evolui para se adaptar.