Crianças à mesa com um tablet é uma realidade cada vez mais comum e, apesar das vozes críticas se fazerem ouvir, há restaurantes que já começam a aderir a esta tendência em prol de refeições tranquilas.
Quando os métodos tradicionais de disciplina, como o "está quieto" e o "não mexas nisso", falham, muitos pais recorrem a tablets ou smartphones para entreter os filhos e terem uma refeição tranquila. Este fenómeno, embora prático, suscita preocupações entre os especialistas devido aos potenciais riscos para a saúde e desenvolvimento das crianças e jovens. No entanto, a prática tem cada vez mais adeptos.
Não são apenas os pais que adotam esta solução, diversos estabelecimentos comerciais em Portugal também disponibilizam tablets para garantir uma experiência mais tranquila à mesa. Daniel Serra, da Pro.Var - Associação Nacional de Restaurantes, disse à CNN Portugal que esta medida visa proporcionar uma refeição mais serena tanto para os pais como para os restantes clientes. Só que se, por um lado, se está a solucionar um problema, por outro está a dar-se espaço a um outro problema: a dependência dos mais pequenas da tecnologia.
O uso de dispositivos eletrónicos durante as refeições é um tema debatido globalmente. Estudos apontam para o excesso de tempo que as crianças passam em frente aos ecrãs, alertando para os seus impactos negativos. Ivone Patrão, psicóloga e investigadora, disse à CNN Portugal que "79% dos adolescentes e jovens portugueses usam o telemóvel à refeição", o que se revela numa preocupação. As refeições vistas tantas vezes como momentos de partilha e de desenvolvimento de relações, passa a ser um momento individualista, onde cada um se fecha no seu telemóvel.
Enquanto a implementação de tablets nos restaurantes pode proporcionar uma refeição mais tranquila, a discussão sobre o equilíbrio entre conveniência e os impactos a longo prazo na saúde e desenvolvimento das crianças continua. É inegável o impacto negativo que a tecnologia pode ter no crescimento das crianças, muito a nível social. Crianças dependentes de tecnologia são crianças mais introvertidas, fechadas no seu mundo e com poucas competências sociais.