Vamos falar de vingança? (é retórico, porque vamos)

Então vamos.

Primeiro, quero começar por elogiar os professores, os que se preocupam com a educação dos nossos filhos, os outros professores (os que não se preocupam com os nossos filhos) talvez os elogie noutro texto.

Nós vamos para o trabalho e depositamos as crianças na escola para finalmente termos um bocadinho de silêncio.

Mas, e isto é importante, lá por nós não os ouvirmos, não significa que eles estejam em silêncio. (É aquela velha história… se uma árvore cair na floresta e ninguém lá estiver para a ouvir, os nosso filhos fazem imenso barulho na mesma? A resposta é sim. Porque crianças são a manifestação física de barulho)

Voltando aos miúdos, os professores, os auxiliares, contínuos… no fundo, o staff da escola, é que levam com eles.

E, por isso, eu acho que os professores inventaram uma vingança coletiva contra os pais.

E essa vingança, chama-se (tambores para suspense)

A FLAUTA!

A flauta funciona um bocadinho como, “sim, nós temos de ouvir o vosso filho a fazer barulho. Por causa disso, agora, vocês vão ouvir o vosso filho a fazer barulho! E garantimos que vai doer.”

É que a flauta, se for bem tocada, é tolerável.

Mas, o problema é que, nas mãos dos putos, parece só alguém a bater com um saco cheio de passarinhos, contra a parede.

Além disso, aquilo, do nada, aquilo vai de uma nota mais ou menos grave até um agudo finíssimo que fura o tímpano.

Si-Si-Dó-Ré-Ré-Dó-Si-Lá-Sol-Sol-Lá-Si-Si-Lá… (São os meus traumas do hino da alegria. Às vezes, quando fecho os olhos, ainda ouço as notas. Por vezes acordo a meio da noite aos gritos.)

Devo admitir que gosto da flauta, porque às vezes é importante para mim estar tranquilo na minha vida e, subitamente, ouvir uma nota tão aguda que me faz sangrar do ouvido. Deve ser saudável, há quem diga que são as sanguessugas dos tempos modernos. (quem é que diz? Não sei.)

Os meus filhos encontraram uma flauta em casa da minha sogra e foi como se tivessem encontrado um tesouro com poderes. Mais especificamente, o poder de me fazer querer enfiar uma caneta pelo ouvido e só parar no cérebro.

Essa dos poderes é outra! De repente todas as histórias têm uma flauta cheia de poderes.

O encantador de serpentes toca a flauta e a cobra sai lá do cesto. (Primeiro, “wink, wink, nudge nudge”. Segundo, “blheck”)

Tenho a certeza de que a cobra só vem cá fora dizer, com sibilante tom de serpentes:

“SSSSSSHHCIIIIIIUUU! TOCASSSSS MAL PARA CASCCCCCIMBA!

Sabeeessss o que é um sssssom bonito???

O SSSSILEEEENSSSCIOOOO!!”

Aquela história do tocador de flauta. “Ah Se tocares a flauta os ratos vão todos atrás de ti.” Claro que vão!! Para te enfardarem, a ver se te calas.

Muito gostava eu que desse para fazer uma flauta com uns auscultadores e só a criança é que ouve a bodega que está a fazer.

Quem sabe, num futuro utópico.