Estamos na época natalícia que tem tanto de belo, como de nostálgico. É um misto de emoções que faz com que esta época não seja consensual, porque infelizmente nem todos temos o mesmo Natal. E há lugares à mesa que já estão vazios.
Quando o Natal se aproxima, algo muda no ar. As ruas enchem-se de luzes, músicas familiares ecoam em todos os lugares, e parece que até o frio carrega um calor especial. Por mais que pareça magia, muitos dos sentimentos natalícios têm explicações científicas, especialmente em relação à nostalgia, que desempenha um papel fundamental no impacto emocional desta época.
O Natal evoca sempre o passado: memórias de tempos mais despreocupados, quando éramos mais jovens e as responsabilidades eram menores; memórias de pessoas que já não estão presentes; memórias de convívios que já não são como eram, porque entretanto a vida mudou.
Segundo a American Psychological Association, a nostalgia pode ser uma coisa boa. Pesquisas mostram que reforça o senso de pertença social, alivia a solidão e aumenta o significado que atribuímos à vida. Quando revisitamos memórias felizes, o nosso cérebro liberta dopamina, um químico associado ao prazer, criando uma sensação natural de felicidade que ajuda a reduzir o stress e a ansiedade.
Com quase 25% dos adultos em todo o mundo a revelarem uma solidão frequente, de acordo com uma pesquisa da Meta-Gallup de outubro de 2023, a nostalgia pode ser uma poderosa ferramenta para enfrentar essa questão. Estudos recentes liderados pelo psicólogo Andrew Abeyta, da Universidade Rutgers, mostram que recordar momentos especiais do passado ajuda as pessoas a recuperar confiança social e a encontrar maior propósito na vida.
As luzes cintilantes, que enfeitam as ruas e casas, não agradam apenas aos olhos, elas também têm um efeito calmante no cérebro. Estudos mostram que estímulos visuais como luzes a piscar podem ativar áreas do cérebro associadas ao prazer e à memória, ajudando-nos a conectar as imagens brilhantes a momentos felizes do passado.
As músicas natalícias, por sua vez, tocam diretamente nas emoções. Canções familiares como "Jingle Bells" ou "All I Want for Christmas Is You" ativam o sistema de recompensa do cérebro, libertando dopamina, o químico responsável pela sensação de bem-estar. Esse efeito é ainda mais forte quando essas músicas estão associadas a memórias afetivas, como celebrações em família ou momentos especiais da infância.
No entanto, a nostalgia não é para todos uma emoção feliz. Nem todas as memórias são doces. Para algumas pessoas, o passado pode trazer lembranças dolorosas, especialmente em épocas como o Natal, quando a ausência de entes queridos é mais sentida. O psicólogo Andrew Abeyta recomenda focar nos aspectos positivos e utilizar a nostalgia como uma ferramenta para encontrar esperança no futuro.
Atividades nostálgicas são ainda mais impactantes quando compartilhadas. Ouvir músicas natalícias ou ver fotografias antigas em grupo pode reforçar conexões e criar novas memórias significativas. A nostalgia não é uma solução definitiva para a solidão, mas pode abrir portas para interações sociais mais bem-sucedidas.
Este ano, ao olhares para as luzes a piscar ou ao ouvires as músicas que trazem saudades, lembra-te: o verdadeiro espírito do Natal está nas emoções que ele desperta — e na ciência que confirma o poder transformador de reviver o que nos faz humanos.