As festas de crianças são uma fonte de amor-ódio na minha vida. São simultaneamente a melhor e a pior coisa.

Por um lado, são duas boas horas em que os teus filhos estão a aterrorizar estranhos, em vez de só te aterrorizarem a ti.

Além disso, podemos estar com outros pais que também estão destruídos que acaba por ser positivo. Até porque a miséria adora companhia, e os pais estão ali um bocadinho todos para o mesmo… comparar desastres.

“O meu filho não dorme”

“Ahhh a minha não come”

“Ahhh o meu só chora”

Estamos ali uns para os outros, a ampararmo-nos. É bonito.

Há sempre aquela mãe que está a adorar a experiência e que a criança faz tudo bem.

“Ainda bem para ti, agora cala-te, isto é uma zona de queixas.”

Não vais para as urgências gabares-te de seres saudável, pois não?

Isto é para carpir mágoas e trocar histórias de guerra. É nas trincheiras que se forjam amizades.

Quer dizer, não que eu esteja à procura de amigos, até porque não estou.

O que nos traz a outro problema das festas de anos de crianças pequenas. É que temos que ficar lá.

Talvez haja pais que largam a criança de 3 anos na festa e vão à vida deles, mas não é o mais comum.

O mais comum é um conjunto de adultos que nada têm em comum, a não ser ter crianças da mesma idade, ter que fazer conversa durante 2 horas.

De repente, parece que sou eu, adulto de quase 40 anos, que estou numa festa de anos a tentar fazer amigos.

Há sandes cortadas em triângulo.

Há sumo concentrado.

Há insuflaveis (que aparentemente eu não posso usar, porque sou adulto. Parece-me injusto.)

Há gritos.

Há barulho.

Há imenso ranho, porque é inverno.

Há picos de açúcar.

Há uma mãe que fez um bolo saudável a imitar chocolate, e ainda bem, mas que, estranhamente, sobrou quase todo.

Há sempre um miúdo mais velho que, claramente, não devia estar ali.

A sério, se tens 1 metro e 60 cm, buço escuro e 60kg já não podes andar no insuflável a empurrar miúdos.

Há cerveja, é certo, mas há pouca.

Atenção também não faz sentido beber muito. Não queremos ser aquele pai que está com uma grande “farda” na festa dos miúdos.

“Não se preocupem, ele só tem 3 anos, mas já guia. Qualquer coisa leva ele o carro para casa.”

A minha proposta para isto das festas de crianças é:

Organizamos a festa, mas sem miúdos.

Depois, convidamos os nossos amigos e há bar aberto.

“Ahhh Duarte, mas isso é só uma festa normal.”

Não, porque pomos insufláveis na mesma.



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