"Se me ganhares este ponto, convido-te para uma mariscada." Foi assim, sem rodeios, nem swipes, que Daniel, professor de pádel de 29 anos, tentou a sua sorte com Rosa - uma aluna divorciada, alguns anos mais velha e com namorado na altura. Resultado? Nunca uma bola foi "perdida" com tanto entusiasmo. Hoje estão juntos há cinco anos, segundo dizem em entrevista ao jornal espanhol "La Vanguardia".
E esta história está longe de ser caso único. O pádel, que já é um dos desportos mais populares em Portugal, com milhares de praticantes e clubes espalhados pelo país, virou também campo fértil para romances. Literalmente. Entre smashes e voleios, há cada vez mais solteiros, divorciados (e sim, também alguns casados) a encontrar mais do que adversários: encontram companhia para a vida - ou pelo menos para o jantar a seguir.
O segredo? A mistura perfeita entre competição, diversão e contacto social. O pádel joga-se muitas vezes em duplas mistas, o que abre portas à conversa, às piadas e àquela troca de olhares que vale mais que um ponto bem ganho. É o ambiente ideal para conhecer pessoas de forma natural, sem pressões, ao contrário do que acontece nas apps de encontros onde, às vezes, mais parece que estamos a preencher um inquérito de emprego.
E os sinais estão por todo o lado: roupas cada vez mais pensadas, raquetes topo de gama e aquela saída estratégica para beber uma imperial depois do jogo. "Eles e elas já vêm arranjados para o court como se fosse para um date", confidencia Matias (nome fictício), rececionista de um clube em Lisboa.
A psicóloga Nataxa Ruzafa explica ao jornal espanhol que este tipo de ambiente - descontraído, mas com um toque de adrenalina - é perfeito para criar laços. A partilha de objetivos, o espírito de equipa e as hormonas da felicidade a circular pelo corpo... Tudo ajuda. "As pessoas mostram-se mais autênticas. Não há filtros, nem poses. Estão a suar, a rir, a falhar bolas. E isso aproxima", garante.
Foi o caso da Susana, de 33 anos, que se inscreveu apenas para fazer exercício e, sem querer, acabou numa noite de paixão com o seu parceiro de jogo. "Nunca houve tensão antes, mas depois de tanto rir e competir juntos… aconteceu." E apesar do pequeno embaraço nos treinos seguintes, ficou tudo em bons termos (e em boas memórias).
Claro que, como em tudo, também há histórias mais complexas: relações que nascem, casamentos que se desfazem, flirts cruzados... "Já vi de tudo", conta o rececionista. "Desde casais que se inscrevem juntos e acabam a jogar separados… até a pais de família que largam tudo por uma jogadora 20 anos mais nova."
Mas calma - ninguém está a dizer que jogar pádel é sinónimo de traição. Simplesmente, é um espaço onde se criam ligações e, por vezes, essas ligações fazem as pessoas repensar a vida que têm. A psicóloga reforça: "O importante é sermos honestos - com os outros e connosco. E saber distinguir entre o entusiasmo do momento e uma ligação com verdadeiro potencial".
Entretanto, os clubes continuam cheios, com gente que vai para bater umas bolas e, quem sabe, deixar-se bater por um novo amor. No fim, se estás à procura de uma forma divertida de te mexeres, conhecer gente nova e talvez dar match sem app - talvez esteja na altura de agarrares numa raquete e experimentares o "Tinder do desporto". Mas atenção: se quiseres conquistar corações, às vezes, o truque está mesmo em deixar-te ganhar um ponto ou dois.