Morreu esta segunda-feira o Papa Francisco, aos 88 anos. Com ele parte um símbolo de transformação e proximidade e fica a imagem de um Papa que preferiu os gestos simples às formalidades do protocolo.

Foi em 2013 que o mundo conheceu Jorge Mario Bergoglio, eleito Sumo Pontífice após um Conclave marcado pelo silêncio e pela tradição. A eleição de um novo Papa segue um ritual centenário, envolto em tradição e simbolismo. Quando um Papa morre ou abdica, como aconteceu com Bento XVI, os cardeais com direito a voto - todos com menos de 80 anos - reúnem-se no Conclave, na Capela Sistina, no Vaticano.

A cerimónia inicia-se com uma missa, seguida de uma procissão solene até à capela. A partir daí, os cardeais ficam completamente isolados do mundo exterior. Juram absoluto segredo sobre tudo o que acontece naquele espaço. O uso de telemóveis ou qualquer forma de comunicação com o exterior é estritamente proibido. Só médicos, confessores e pessoal de apoio têm acesso limitado ao recinto.

Cada cardeal escreve o nome do candidato que escolheu num boletim onde se lê "Eligio in Summum Pontificem" ("Elejo como Sumo Pontífice"). Os votos são dobrados, depositados numa urna e depois contados. Para ser eleito, um candidato precisa de obter dois terços dos votos. Se após várias votações não houver consenso, o processo é suspenso por um dia, para reflexão e oração.

Os boletins são queimados numa lareira especial: se o fumo for negro, não houve eleição; se for branco, significa que há novo Papa. Foi esse fumo branco que, a 13 de Março de 2013, anunciou ao mundo que o Conclave havia escolhido um novo líder espiritual para a Igreja Católica.

O escolhido foi Jorge Mario Bergoglio, o primeiro Papa latino-americano, o primeiro jesuíta a ocupar o cargo, e o primeiro a adoptar o nome Francisco. Um nome que, desde logo, revelou a missão que escolheu seguir: uma Igreja mais próxima dos que sofrem, mais focada no essencial.


Recorda aqui esse momento, partilhado pela Renascença.




Durante o seu pontificado, o Papa Francisco visitou zonas de conflito, denunciou abusos e desigualdades, defendeu os migrantes, e abriu portas a temas que a Igreja tradicionalmente evitava.


A última vez que esteve em Portugal foi em Agosto de 2023, na Jornada Mundial da Juventude, onde deixou uma frase que ficou cravada no coração de muitos: "Na igreja há espaço para todos. E, quando não houver, por favor façamos com que haja, mesmo para quem erra, para quem cai, para quem sente dificuldade. Todos, todos, todos".


Hoje, Portugal e o mundo despedem-se do Papa Francisco. Um Papa que marcou uma era. Que comoveu multidões com a sua humildade e conquistou respeito com a sua coragem.