48 horas antes de morrer, o Papa Francisco enviou uma última mensagem ao seu amigo de longa data, o jornalista português Henrique Cymerman. Foi um gesto silencioso, mas profundamente simbólico - o adeus discreto de um homem que, até ao fim, sonhou com o futuro.


A relação entre os dois vinha de longe. Unia-os mais do que encontros formais ou entrevistas: havia entre Francisco e Cymerman uma amizade verdadeira, construída ao longo de anos e de conversas com alma. O jornalista, visivelmente emocionado, partilhou esse vínculo em direto na SIC Notícias, esta segunda-feira, num testemunho que tocou todos os que o ouviam.

Desde que o Papa Francisco teve alta hospitalar, escreveu-lhe duas vezes. A última mensagem chegou 48 horas antes da sua morte. Pela primeira vez, não foi escrita diretamente por Francisco. Foi enviada por Juan Cruz, o padre e secretário pessoal que o acompanhou até ao último suspiro. Mesmo assim, era como se o Papa ainda falasse por entre as palavras: Francisco queria rever Cymerman em breve, quando recuperasse forças. Falava de reencontros, de viagens por fazer, de compromissos por cumprir.

"Ele ainda sonhava com a Terra Santa, com África, com projetos de educação pela paz. Queria combater a radicalização com palavras e gestos concretos", recordou o jornalista. "Queria mais do que o corpo já podia dar-lhe. Mas nunca deixou de querer."


"Francisco é um personagem extraordinário. Das pessoas mais impressionantes e especiais que conheci na minha vida", disse Henrique Cymerman.