A nova tendência da geração Z: escrever em minúsculas. Parece que decidiram dar uma pausa ao caps lock, agora a pergunta que se impõe: será que quando querem gritar ou mostrar felicidade numa mensagem também optam pelas minúsculas? É que não há nada mais expressivo do que um "OH MEU DEUS", ao invés de "oh meu deus".
A geração Z, os jovens nascidos entre 1997 e 2012, está a transformar a forma como escrevemos, trocando as maiúsculas pela simplicidade das minúsculas.
Esta tendência não surgiu por acaso. A maioria dos smartphones permite desativar as maiúsculas automaticamente e há quem prefira mesmo clicar no "shift" manualmente apenas quando necessário. Para muitos, escrever tudo em minúsculas é, acima de tudo, uma questão de estética: visualmente, o texto parece mais leve, menos agressivo e, dizem alguns, até mais bonito no ecrã do telemóvel.
Mas há mais do que o aspeto visual. Escrever em minúsculas é também uma forma de desconstruir a comunicação escrita, tornando-a mais informal, mais próxima e menos rígida. Segundo Maria Clara Barros, professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e especialista em linguística, em entrevista ao jornal Público, esta escolha pode refletir um desejo de simplificação - e, talvez, um certo desconforto com a confrontação. "Pela minha perceção, esta geração não lida bem com afrontas", explicou. A ausência de maiúsculas pode ser, assim, uma maneira subtil de suavizar o tom das conversas.
Curiosamente, apesar desta preferência pela informalidade, a geração Z não é alheia às normas. Muitos jovens sabem quando é necessário recorrer às maiúsculas, em contextos mais formais ou quando querem realmente sublinhar algo importante. Ou seja, mais do que desconhecimento das regras, trata-se de uma escolha consciente de quando (e como) quebrá-las.
No fundo, desligar o caps lock é mais do que uma questão de estilo: é um sinal de como a linguagem evolui com as gerações.