Duarte Pita Negrão: "Esta é a melhor tarefa para se fazer em festas de crianças"
O Duarte tem opiniões. Fundamentadas? Ahah Não. Sérias? Hmmm também não. Valem a pena? Boa pergunta!
Terei eu descoberto a melhor tarefa de todas para fazer numa festa de crianças? Não sei.
(melhor tarefa se fizeres parte da organização, se fores só para lá passear, a melhor tarefa é ires para casa.)
Os meus filhos fizeram anos e nós tivemos a brilhante ideia de fazer uma festinha. (leia-se brilhante com todo o fel sarcástico que se impõe).
Infelizmente, eu estou preocupado em saber se serei, ou não, um bom pai.
Acho que todo o pai sente na pele esta dúvida, especialmente quando vemos os nossos filhos terem comportamentos com os quais não concordamos. (Birras, umas boas mocadas a outras crianças, gritos, portarem-se mal à mesa, etc.)
Como a miséria adora companhia, alivia-me sempre quando vejo outros pais em a passar por situações semelhantes, e dou por mim a pensar, ao menos não sou só eu.
Lamentavelmente, na festinha de anos deles, fiquei com a distinta noção de que os meus são piores do que os outros.
Passo a descrever uma curta situação que ilustra o meu medo. A dada altura, o meu filho deu lá um chega para lá valente a um menino amoroso, nada de grave, mas foi errado e o menino ficou triste. Nós falámos com ambos e resolvemos a questão. Decorrida meia hora no relógio, o mesmo miúdo vem ter connosco, comigo e com o pai dele, com algumas lágrimas nos olhos a dizer que lhe tinham batido outra vez. Fiquei preocupado e perguntei se tinha sido o mesmo miúdo da outra vez (o meu filho). Felizmente, não tinha sido. Então, dissemos-lhe para ir ter com o menino em questão e dizer “O meu pai disse que não me podes bater!”
E lá foi ele, afastando crianças pelo caminho, passa pelo meu filho (novo alívio) e vai directo a outra criança que era, para mal dos meus pecados, o MEU OUTRO FILHO. Eu só queria um buraco para me enfiar.
Para tornar esta festa de anos ainda menos fixe, a minha mulher levou uns lápis de pinturas faciais e pediu-me para fazer um desenho com uns lápis que tenho, na cara de um menino, que queria muito um desenho.
E eu, pessoa bem mandada que sou, anui.
O que é que eu fui fazer?
Do nada, transformei-me no senhor das pinturas.
Em menos de nada havia uma fila de 10 crianças para serem pintadas.
É importante explicar que eu não sei pintar.
“Quero uma bola de futebol!”, diz um menino.
“Quero um Tigre”, ordena uma menina.
“Quero um Tigre Cor de Rosa”, exigiu a irmã.
“Quero outra bola de futebol!”, decretou o primeiro menino que veio a uma segunda volta.
“Quero um Unicórnio”, pediu uma menina amorosa.
Gostaria apenas de fazer aqui um pequeno apontamento, o chifre do unicórnio, se o pintarmos de castanho, fica só o emoji do có-có. (É importante divertirmo-nos também, não só as crianças.)
Já perto do final, uma menina, coitada, muito querida, pediu uma sereia, e eu disse que não sabia fazer, então ela pediu um golfinho. Eu dei o meu melhor, mas é com tristeza que digo que ficou horrível. As minhas desculpas a esta menina.
A maioria dos miúdos não tem discernimento para perceber que está uma porcaria, contudo, infelizmente, esta menina era claramente mais lúcida.
Saiu das pinturas directa para a casa de banho para tentar limpar a borrada que eu tinha feito. E depois passou o final da festa com um capuz.
Enfim, tive uma boa hora a pintar crianças, bastante mal, por sinal, e, não vou mentir, acho que descobri a: MELHOR TAREFA DA FESTA.
Ninguém me chateia, se um puto for mais idiota, desenho-lhe um tarolo na testa, mantenho os miúdos ocupados, não estou no centro da confusão e dá a ilusão de trabalhar muito, que é o truque para uma existência feliz e pacifica.
Na próxima festa, levo novamente os meus lápis.
Ouve aqui todos os episódios no Podcast Dudas de un Hombre.