Como é apanágio da época, esta semana fui vítima da festa de natal da escola dos meus filhos, que são pequeninos. Não vou falar muito sobre isso porque eles ainda lá andam e dá-me jeito que os poderes instaurados não saibam o que eu acho daquilo. (temo represálias, sabeis como é o mundo das creches. Politiquices e intrigas.)
Contudo, uma parte da festa em que passavam umas imagens de umas estrelas que os miúdos tiveram que fazer em casa.
O que me traz ao assunto sobre o qual quero refilar hoje: “trabalhos de casa para crianças”.
Os meus filhos têm 3 e 4 anos, portanto, quando eles têm trabalhos de casa, na verdade, EU TENHO TRABALHOS DE CASA. E quando eu tenho trabalhos de casa, na verdade, A MINHA MULHER TEM TRABALHOS DE CASA.
(Eu participo, mas ela é claramente o timoneiro.)
Por um lado, compreendo e acolho com gosto, a ideia de fazermos a tarefa em conjunto com eles. Por outro lado, não esperava, aos trinta e muitos anos, estar a fazer projectos do pinterest com purpurinas. Eu já era mau em trabalhos manuais no meu tempo, não precisava de ser mau no tempo dos meus filhos, também.
Não obstante, o trabalho para casa foi fazer uma estrela de natal e a dica dada foi, “ahh têm que os ir deixando fazer, para eles aprenderem. É bom eles serem independentes”
“‘Tá bem, ‘tá bem!”
A educadora da sala do meu filho mais pequeno que o diga, até porque, ele agarrou na tesoura e cortou o cabelo dela.
(posso ter-me rido, mas a verdade é que peço muita desculpa pelo meu filho. É uma vergonha.)
Entretanto, lá na festa, quando mostraram as estrelas que as crianças tinham feito e eu vi as dos outros meninos, fiquei… “Uí cuidado!”
Subitamente, meio que se cria ali uma competição de pais.
Bem vindos ao, “Quem faz a melhor estrela?”
Havia ali estrelas que, ou foram os pais sozinhos (que eu respeito, atenção, trabalhar com uma criança é um aborrecimento. Uma criança mete-se muito no caminho e estraga tudo) , ou então foram crianças geniais e muito talentosas.
Pode ser que tenham sido… há realmente muito talento.
Imagino os pais em casa a puxarem por eles:
“O que é que estás a fazer, Filho? Isso não é uma estrela, filho!
“As estrelas são brilhantes, filho!... Aparentemente ao contrário de ti, que de brilhante não tens nada!”
“Achas que o Martim vai aparecer lá com uma estrela que parece feita por uma criança? O Martim vai levar uma estrela que, se calhar, até é uma estrela verdadeira, filho! Devias ser mais como o martim.”
Obviamente estou a exagerar, até porque só os adultos é que notam isto, os miúdos ficam só felizes por ver os trabalhos deles expostos.
E a verdade é que ao vê-lo feliz com o trabalho que fizemos em conjunto, fiquei feliz também.
Ou seja, resultou.
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