Sempre à frente do seu tempo, interventiva, sublime e com o dom da palavra. Estes são alguns dos adjetivos que descrevem Maria Teresa Horta, poetisa, escritora e jornalista que morreu, esta terça-feira, aos 87 anos.


O legado que deixa ecoará para sempre na história da literatura, do feminismo e da luta pela liberdade. Maria Teresa Horta foi uma voz audaz e incontornável, capaz de desafiar os alicerces da ditadura com palavras que se tornaram armas de emancipação.


A obra "Novas Cartas Portuguesas", escrita em colaboração com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, foi um marco no combate ao regime do Estado Novo, denunciando as opressões do seu tempo e projetando internacionalmente a coragem das "Três Marias". Maria Teresa Horta foi a última das Marias a partir.


Eleita pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo, Maria Teresa Horta dedicou a vida à arte e à liberdade, enfrentando censuras e preconceitos. Recentemente, a sua história foi imortalizada na biografia "A Desobediente", de Patrícia Reis, um tributo a uma vida marcada pela insubmissão e pelo compromisso com a justiça.

A editora Dom Quixote, que anunciou a sua partida, definiu com precisão: "Uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo". Aos 87 anos, Maria Teresa Horta morreu em casa, de causas naturais. Uma "desobediente" eterna que vive agora na eternidade das palavras.


(Imagens: Reprodução vídeo "Canal Cascais")