Tirei umas férias para descansar um bocadinho, mas cometi dois pequenos erros: os meus dois filhos.

Nunca tinha viajado com os meus filhos, mas preparei-me e fiz o meu trabalho de casa. Falei com eles, passei-lhes um bom briefing sobre o que deviam esperar da viagem.

“Filhotes, vai ser uma viagem longa. Vamos apanhar um avião, vamos até Cabo Verde. Vão ter que ser pacientes, mas vai ser divertido. Acham que conseguem?”

Eles perceberam e eu fiquei confiante.

Assim que chegámos ao aeroporto, que é a 10 minutos de casa, o Joaquim perguntou, “Isto é Cabo Verde?”

E eu percebi que tinha a burra nas couves.

Vamos por partes:

1 - Crianças no aeroporto

São o caos. Correm, fogem, andam nos tapetes rolantes, incluindo nos das malas, e, pior, não respeitam uma fila.

Aquela fila em serpente para o Controlo dos Passaportes só é uma fila para mim e para os outros patetas que estão no aeroporto, porque para o meu filho Joaquim aquilo é uma linha recta.

Arrancou a correr, pelo meio das pessoas, sem respeito por espaço pessoal, nem cautela, furou tudo até à bancada dos passaportes enquanto nós gritávamos “Desculpe, desculpe, alguém o agarre, por favor.”

Reacções nulas, o que eu compreendo, também ninguém vai agarrar numa criança assim à toa, nos tempos que correm. A questão é que os balcões de controlo são altos e as crianças são pequeninas e então ninguém as vê passar.

(A sorte é que os terroristas não sabem disto senão já havia a mini Al-Qaeda, só anões. Uma Al-Qaeda dos pequenitos. Uma Al-Qaedinha.)

2 - Crianças no Avião.

Começaram por se portar relativamente bem, no avião.

Fizeram uma amiga, que até quiseram que se sentasse no banco com eles para almoçarem juntos, mas depois foram à vida deles e deixaram lá a menina.

Então, do nada, estou sozinho a dar almoço a uma miúda de 3 anos que não conheço de lado nenhum.

De repente, tenho uma filha.

“Vá, tens que comer tudo filhota. Imagina que esta omelete de avião não sabe a cartão.”

Nisto, os meus filhos andam a correr no avião para a frente e para trás, a semear discórdia. Invadiram a zona da classe executiva, e bem, porque se alguém merece executiva, são as crianças, porque elas são “o melhor do mundo.”

Em defesa dos meus filhos, a executiva é separada por uma cortina, se não querem crianças metam uma porta.

Naturalmente, isto deixou-me bastante incomodado e envergonhado, porque eu já estive do lado das pessoas que não estão a viajar com filhos e sei o que pensei, “Mas estes pais não controlam os filhos?”

Ahhh a história encarregou-se de me fazer engolir as minha palavras. Eu não sei se os outros pais controlam os filhos, ou não, mas eu não controlo. Aliás, eu tenho zero controlo sobre aqueles dois pequenos selvagens.

A sorte é que a viagem é relativamente rápida, são 3h30. Se fosse maior acho que ia acabar com os meus filhos a pilotar o avião.

De qualquer forma, mal ou bem, conseguimos aterrar em segurança, em Cabo Verde, e passamos umas boas férias.

O hotel era óptimo para miúdos, apanhámos sol, comemos bem, havia um kids club que os miúdos adoraram, e, realmente, ir neste registo com miúdos, é um descanso.

Por mim volto lá para o ano, ou daqui a dois anos.

Nem que seja para ir buscar os miúdos.



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