A ideia de que os homens reagem de forma mais intensa a uma simples constipação tem sido alvo de piadas nos últimos tempos. Mas, agora, a ciência parece dar alguma razão à fama. Um novo estudo, publicado na revista "Brain, Behavior and Immunity" e divulgado pela Time, reforça a possibilidade de que os homens sejam realmente mais vulneráveis a determinadas doenças.


A investigação, conduzida com modelos animais, revelou que ratos machos apresentaram mais sintomas, como febre elevada, inflamação e recuperação mais lenta, quando expostos a bactérias semelhantes às que causam gripe. As fêmeas, por outro lado, demonstraram maior resistência.


Apesar dos estudos em animais não poderem ser aplicados diretamente nos humanos, os investigadores sublinham que estas diferenças já foram observadas também em células humanas. Segundo Sabra Klein, professora de microbiologia e imunologia, as células imunitárias masculinas tendem a reagir de forma mais agressiva aos agentes patogénicos.


"Nem sempre é a presença do micróbio ou a presença do vírus que nos deixa doentes. É a nossa resposta imunitária, e a investigação mostra que os homens têm uma resposta mais intensa que convoca as células para o local da infeção, o que contribui para a sensação geral de mal-estar", explica a especialista.


As hormonas sexuais, como a testosterona e o estrogénio, são apontadas como possíveis responsáveis por esta diferença. Estudos anteriores demonstraram que o estrogénio pode reforçar a defesa celular contra certos vírus, enquanto os homens revelam sistemas imunitários, em média, mais fracos.


Para além da componente fisiológica, também o comportamento pode contribuir. Estatísticas indicam que os homens, em geral, tendem a adiar consultas médicas, são menos propensos a seguir medidas preventivas de higiene e procuram ajuda apenas quando os sintomas se agravam. Um estudo citado pela mesma revista revela, por exemplo, que os homens lavam as mãos com menos frequência do que as mulheres.


A chamada "gripe masculina" pode, afinal, ter base científica - embora o exagero nos sintomas continue a ser alvo de piadas! A teoria popular de que os homens sofrem mais quando ficam doentes poderá não dever-se (apenas) a serem mais queixinhas, mas sim ao facto do corpo deles, aparentemente, reagir de forma diferente.