Vídeos de TikTok influenciam adolescentes a utilizar produtos desadequados para a pele

Já lá vai o tempo em que as crianças brincavam com bonecos, carrinhos, jogos de tabuleiro... Infelizmente para umas e felizmente para outras, tudo isso deu lugar a jogos nos telemóveis ou até mesmo no tablet e a longas horas aí passadas.

As redes sociais tornaram-se uma atração para várias crianças, que passam os seus tempos livres a ver e a reter informação de vídeos.

Se há algumas que têm um consumo responsável - muito controlado pelos pais -, há outras que cobiçam tudo o que veem e tomam-no como algo de que precisam.

Acontece, por exemplo, no TikTok, em vídeos que têm os chamados get ready with me ou os conhecidos unboxings, onde várias criadoras de conteúdo mostram as tendências de uma certa marca, explicam como se utilizam os produtos e recomendam.

E é precisamente destes vídeos que as crianças ficam a conhecer o "melhor creme hidratante", o "esfoliante mais eficaz" ou o "creme que evita o aparecimento de rugas".

A tendência cresceu ao ponto de adolescentes e pré-adolescentes quererem testar os produtos que veem nesses vídeos.

Com idades entre os 10 e os 12 anos, várias delas passaram a ser clientes habituais de lojas de coméstica, onde procuram por cremes antirrugas, esfoliantes e até retinol.

Foi daí que surgiu um fenómeno apelidado de 10-year-olds at Sephora (crianças de 10 anos na Sephora, em português).

São muitas as crianças que, nas últimas semanas, têm corrido para lojas de cosmética à procura dos produtos que são mais falados, nas redes sociais.

É também no TikTok que têm surgido vários relatos deste fenómeno e não só.

Alguns dos colaboradores destas lojas, como é o caso da Sephora, já confessaram, em vídeos, que as crianças chegam mesmo a ser mal-educadas e que estragam vários produtos de teste expostos.

Há ainda críticas dirigidas aos pais destas crianças, que, na opinião destes colaboradores, deveriam saber educá-las.

No que toca à utilização destes produtos por crianças tão novas, Leonor Ramos, dermatologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e responsável pela consulta de dermatologia pediátrica no Centro Pediátrico e Juvenil de Coimbra (CPJ), e Sara Fernandes, farmacêutica especializada em dermocosmética, esclareceram, em declarações ao site Viral Sapo, os perigos que existem.

Em primeiro lugar, Sara Fernandes revelou que a maioria dos produtos "não lhes acrescenta nada" e, quando usados de forma desadequada, "podem causar alergias ou irritações".

Um exemplo é o retinol, um dos ingredientes presentes nos cremes antienvelhecimento.

Pode haver pessoas mais velhas que os procuram, mas para as crianças, "este tipo de produto é bastante agressivo", segundo Leonor Ramos. "Podem ocorrer dermatites irritativas e fotossensibilidade, ou seja, o aumento de risco de queimaduras solares".

Por fim, as duas especialistas "concordam que, por norma, a rotina de cuidados de pele que uma criança de 10 ou 12 anos deve ter consiste em fazer uma limpeza suave do rosto, aplicar um creme hidratante e um protetor solar".