Imagina o seguinte cenário: uma manhã ensolarada em Estocolmo, uma jovem de cabelo perfeitamente preso num coque "desarrumado-chique", com um vestido leve de algodão, segura uma chávena de café enquanto arruma flores numa jarra. Não, isto não é uma cena de um filme romântico, mas o que está a ser chamado de "Soft Girl Lifestyle", um fenómeno que encoraja as mulheres a trabalhar menos.
"Soft Girl" é uma tendência que está a ter muito sucesso na Suécia. As jovens mulheres suecas estão a incentivar outras mulheres a adotarem um modo de vida "mais suave e feminino", como o nome indica, e isso passa por trabalhar menos.
Vilma Larsson, 25 anos, é a estrela deste movimento. "A minha vida é mais soft", disse à BBC. Vilma fala de uma rotina em que o stress do trabalho foi substituído por café, ginásio e receitas no Pinterest, enquanto o namorado financia o estilo de vida. Vilma não trabalha e ainda assim recebe um "salário" mensal do namorado.
Nas redes sociais, Vilma e outras "soft girls" acumulam likes e seguidores com vídeos de brunches caseiros e "como decorar a sala para o hygge perfeito". Mas nem tudo é rosinha no mundo "soft girl". Feministas veteranas, como Gudrun Schyman, olham para este movimento e veem uma máquina do tempo a andar para trás. "As jovens esquecem-se que houve uma luta para termos direito a um salário!", diz Schyman.
Por outro lado, partidos de direita na Suécia aplaudem a tendência. Talvez porque gostam da ideia de reforçar papéis de género tradicionais. Enquanto isso, sociólogos especulam que este fenómeno é uma resposta ao esgotamento generalizado das mulheres. Afinal, quem não quereria trocar reuniões de Zoom por aulas de pilates e tardes a fazer pão caseiro?
Será esta uma nova revolução silenciosa ou só uma fase aesthetic? Só o tempo dirá.